Criar a partir do universo feminino é ato de resistência para a artista Gabriela Noujaim. Pulsam no conjunto de sua obra: princípio da Anima, alteridade, coragem, renascimentos, laços ancestrais e avanço da Arte de Mulheres. Segue guiada pelo ativismo nas tonalidades do vermelho do Urucum das pinturas corporais de nossas parentes indígenas, do sangue menstrual entre ciclos de vida e morte, perpassando pelas tantas guinadas da cor da luta.

 

Laços uterinos tecidos ligam obra à obra presentes nesta exposição com gravuras híbridas, performances de celebração, ritos de cura, odes em releituras, serigrafias-denúncias, fotografias-mensagens, livros de artista constituídos pelos traços dos totens de culto do feminino. Somando-se a instalação-homenagem Museu das Mulheres que aguarda com os braços abertos de nossas ancestrais a chegada de mais mulheres à obra afetiva, as quais serão homenageadas ao longo da vida em arte de Gabriela Noujaim.

 

Somos infinitas em lutas plurais recuperando os séculos perdidos por nos silenciarem. Neste fim das eras de nosso silenciamento, nenhuma largará o coração da outra que pulsará uníssono em muitas mãos. Vibra, dentro de nós, a voz de nossa maior guia ancestral que prepara a revolução continental. Ela sussurra incansável no inconsciente coletivo: Permanecerá a coragem das mulheres! Costurem as veias abertas da América Latina!

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Sissa Aneleh

Diretora e Curadora Geral

Museu das Mulheres (MMDAS)